segunda-feira, agosto 21, 2006

Amigas

Simone, Renata, eu, Mariana e Neuza

Não há ser humano que goste de escrever que um dia não tenha utilizado, ou ao menos pensado em utilizar, a amizade como tema de seus escritos. Hoje, resolvi escrever sobre os amigos que tenho, os que não tenho e aqueles que gostaria de ter tido. Tão diferentes, tão iguais e, da mesma maneira, tão imprescindíveis...

Amizade verdadeira é capaz de conjugar no infinitivo todos os verbos: aceitar, impedir, ceder, deixar, brigar, desculpar, cuidar, deixar, amar. É paradoxal, assim mesmo como o amor... Afinal, o que ela é se não uma vertente desse mesmo amor? Simples assim...

Como todos, tenho variações nos níveis de amizade e, hoje, vou citar nominalmente apenas quatro amigas. As de infância: Mariana, Neuza, Renata e Simone (em ordem alfabética, para não ter briga! rs). Aquelas cuja certeza de serem amigas é fato. São pessoas que sei que tenho à disposição sempre que precisar.

Amizades de infância são engraçadas porque parecem conter um nível de intimidade permanente. Ficamos meses sem nos falar. E, quando nos revemos, somos capazes de contar detalhes da vida íntima sem pudor. São aquelas que o celular não requer identificador de chamadas. Reconhecemos a voz. São amizades sedimentadas durante um período muito longo, difícil, confuso... São amizades que considero eternas. Uma, às vezes, esquece o aniversário da outra, esquece de telefonar, mas não há cobranças. Somos, simplesmente, amigas...

Vou começar pela Neuza, porque a Neuza é a Neuza. Como eu já disse um dia, ela tem jeito de Neuza, coisas de Neuza, manias de Neuza. A frase: "mas, é a Neuza!" resume absolutamente tudo! Ela ama me pentelhar. Acho que mais que as outras três juntas. Mas é a Neuza. Aquela que achava que era a Xuxa, que ficava sempre procurando o chocolate debaixo da carteira da escola mesmo sabendo que a gente já havia comido tudo, que usava shorts enfiado na bunda e batom vermelho se achando a mais gata de todas. A Neuza me ensinou a perdoar (risos). A ser paciente (mais risos). A aceitar os outros como eles são. Ela é chata, "mas é a Neuza". Ela pode ser chata! A gente nem liga mais... Embora ela seja a pessoa com quem eu acho que mais briguei na vida, tenho certeza que isso só solidificou o carinho, a amizade e as lembranças engraçadas.

A Simone era minha melhor amiga na época da escola. Fazíamos trabalhos juntas, andávamos juntas, pegávamos ônibus juntas, jogávamos handball, vôlei, queimada juntas. Almoçávamos juntas. Era com a Simone que eu dividia minhas "paixonites", com ela com quem eu comentava dos gatinhos do Stella Maris (onde a gente jogava hand)... Ela sempre me respeitou embora nem sempre concordasse comigo... Foi com a Simone e com a Mariana que eu fumei pela primeira vez. Acho que tínhamos 15 anos. Não vou entrar em detalhes, meninas... Mas acho que nunca mais esqueceremos as toalhas na cabeça e a tentativa de acender o cigarro no fogão... risos...

A Simone é na dela. A Mariana também. Na realidade, eu não achei que minha amizade com a Mariana seria como é hoje. Achava que a Mariana não gostava de mim. Não sei o motivo, mas cheguei a pensar isso durante um bom tempo. Bobagem! A Mariana saiu da escola e foi estudar no Objetivo porque era cocotinha. Metidinha (risos). É bricadeira! Ela sempre foi a mais "adulta", acho que por ter passado por momentos que nenhuma de nós ainda havia vivido. Não sei se mais "adulta" seria a palavra exata. Pode ser que tenha apenas tido experiências diferentes. E isso sempre fez com que ela pensasse diferente. E eu a admiro por isso.

A Renata. O que falar da Renata? Primeiro, que ela é fresca. Sim! Fre-ssss-ca! (Ela odeia que a chamem assim!). E nossa amizade se solidificou na faculdade. Sem querer, estávamos na mesma classe novamente. E foi ótimo! Os mesmos pensamentos, objetivos, princípios. A Renata acordava tarde, chegava sempre atrasada e, por mais linda que fosse, não queria morrer virgem. Ela sempre me deu forças nas horas em que precisei. Sempre esteve do meu lado, mesmo que distante. É bonita, inteligente, iluminada, especial, sincera. A definição do que é ser amigo.

Foi nesse ambiente que eu cresci, vivi e me tornei um pouco do que sou. Graças a elas quatro, às experiências que vivemos juntas, às conversas ao telefone, às brigas, aos desencontros... Vocês são especiais e queria que soubessem disso. Parafraseando Vinícius, a gente não faz amigos, reconhece-os. E vocês são!

Um beijo