domingo, setembro 24, 2006

Histórias do repórter


Na semana passada, fui ao Terceiras Terças, no Sesc Santos, com Ricardo Kotscho, um monstro do jornalismo. Talvez a maior lição deixada por ele naquele dia tenha sido que o jornalista não pode perder a motivação.

Do palco de um teatro cheio de admiradores, estudantes e colegas de profissão ansiosos por alguma “dica” de sobrevivência, Kotscho disse que normalmente é o cara mais motivado das redações em que trabalha. "E, na maioria delas, sou o mais velho de todos. Deveria ser o contrário", disse.

A frase me atingiu em cheio. Não que eu esteja desmotivada, mas porque preciso me motivar mais, se é que é possível entender a diferença... Às vezes, apurações que não dão em nada e matérias não publicadas acabam desmotivando o repórter. É preciso entender e aceitar que isso faz parte da profissão. Eu já entendi. O difícil é aceitar sem sentir.

O repórter vive querendo contar novas histórias e, ao mesmo tempo, desfrutar a sensação ímpar de ver cada letra do seu nome impressa sobre uma reportagem bem escrita, um texto bem acabado, uma informação diferente. Temos um declarado problema de ego!

Mas, fora isso, a cada pauta derrubada, a cada matéria engavetada, é preciso voltar a trabalhar dignamente e fazer tudo de novo. Escolhemos o jornalismo para viver. E as sensações descritas no parágrafo anterior tem de compensar o "outro lado" da profissão.

Ao chegar em casa, abri o livro "Ricardo Kotscho, uma vida de repórter - Do golpe ao Planalto"_que havia comprado após a palestra_ e estava escrito: "Para Mariana e Marcelo, que escolheram a melhor profissão do mundo e vão continuar contando essas histórias. Abraços, Ricardo." A frase pontuou minhas dúvidas. Amanhã, vou caçar novas pautas, buscar novas histórias e continuar tentando fazer um jornalismo melhor.