quarta-feira, julho 18, 2007

Lágrimas de quê?

Como pode, em um mesmo coração, coexistir sentimentos tão antagônicos como alegria e tristeza? A última terça-feira havia começado com as lágrimas da mãe de Thiago Pereira, que conquistou dois ouros para o Brasil na natação. Lágrimas de alegria. O dia passava e mais atletas emocionavam o país com a conquista de vitórias nos Jogos Panamericanos, com a redenção de Jade Barbosa no salto e a ovação ao ginasta Diego Hipólito após a conquista de outros dois ouros.

No fim da tarde, a trilha sonora do plantão da TV Globo anunciava que algo inesperado acabara de acontecer, mas ninguém esperava o que ainda estava por vir: o maior acidente da história da aviação brasileira. A princípio, não se tinha a dimensão da gravidade da situação. Sabia-se que um avião, com passageiros, batera em um prédio com funcionários. A medida em que o tempo passava, os telespectadores viam, chocados, o caos ser ainda maior. E em menos tempo, outras lágrimas começaram a brotar.

Menos de dez meses depois do acidente envolvendo um avião da GOL e um jato Legacy _que inacreditavelmente e ainda inexplicavelmente se chocaram no ar_ uma nova tragédia invade a casa dos milhões de brasileiros. Os números aumentam: se, no primeiro, morreram 154, na última terça-feira, foram, no mínimo, 186. Corre-corre, discursos, comitê de crise. Pra quê? O Brasil espera mais. Espera, além da lamentação, atitude. Além do luto, presteza.

Quem não chorou ao ver os gritos de dor das famílias das vítimas? Não podemos mensurar o que sente alguém que perde um filho, marido, pai ou mãe em uma tragédia dessas proporções, mas devemos nos indignar ante à inércia do governo brasileiro até aqui. O que todos esperamos é que este acidente sirva como marco para solução de problemas. O que esperamos é que a morte dessas pessoas, ao menos, não tenha sido novamente em vão. As lágrimas precisam voltar. De alegria!